segunda-feira, 16 de junho de 2014

A Fagulha do Craque

O Ministério dos Esporte vem divulgando 40 crônicas assinadas por Nelson Rodrigues e publicadas originalmente no intervalo entre as Copas de 58, 62,66,70 e 74.

É justamente o período em que o Brasil se transformou no maior vencedor de Copas e venceu a síndrome de vira-lata (provavelmente nunca por completo, a Copa de 50 nunca vai deixar o imaginário coletivo), o que produziu textos interessantes.

Entre vários trechos, destaco a genialidade do Garrincha:


"Em 58, o escrete ainda embarcou desconfiado. Mas já uma dúvida instalava-se em nosso espírito. O sujeito já não sabia se era ou não uma besta chapada ou, na melhor das hipóteses, uma semibesta. A campanha de 58 viria clarificar o problema. Chegamos na Suécia, ainda perplexos. Vencemos a Áustria e empatamos com a Inglaterra. Vem, finalmente, o jogo com a Rússia. Eu vou dizer o momento exato em que se inaugurou o verdadeiro Brasil. Foi após o hino nacional brasileiro. Os jogadores ainda estavam perfilados e trêmulos. A Rússia seria uma prova crucial. Mais do que nunca dava em cada jogador o dilema: — “Ser uma besta ou não ser
uma besta?” E, então, soou, naquele escrete contraído, a voz de Garrincha. Com a sua candura triunfal, dizia o Mané para o Nilton Santos:
— Aquele bandeirinha tem a cara do ‘seu’ Carlito!"


Ps. Todas as 40 crônicas aqui:
http://www.ediouro.com.br/lancamentosdenelsonrodrigues/livros/ImagePatriaDeChuteiras%20em%20Baixa.pdf

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